projeto de vida

Posted on sexta-feira, abril 02, 2010
eu não gosto muito dessa coisa de ter que dizer "melhor" idade e não "terceira", eu também não gosto de ver escrito que os lugares marcados no ônibus são preferenciais para determinados passageiros. pior ainda é saber que existe um código de leis especial para os nossos vovôs. e eu já vi falta de educação por aí que não é brincadeira.
é que eu fico indignada com a necessidade de se arquitetar este monte de coisa porque deixou de ser natural nas pessoas o respeito pelo outro.
um dia aprendi que o natural se opunha ao normal -até então trocava um pelo outro sem problemas. mas quando penso nos valores sociais de hoje, a diferença fica muito clara: é preciso impor um conjunto de normas para "normalizar" o que a natureza primitivamente manifesta. mas sei lá, acho que nem no tempo das cavernas era assim...
mas na verdade eu nem queria falar disso. queria contar que nesta semana constatei com horror que estou com rugas na testa. os sinais da maturidade. mas acredite, o horror não foi diante da constatação do envelhecimento, e sim, diante da percepção de que não tenho pés de galinha no canto dos olhos. concluí que passei mais tempo na vida preocupada do que rindo. foi aí então que elaborei meu projeto de vida que inclui (não, não é fazer botox) dar muitas risadas todos os dias, especialmente quando estiver sob tensão e sentir o peso sobre os olhos que me faz enrugar a testa...
preciso com urgência aprender a rir da minha própria seriedade.

auto-análise

Posted on domingo, março 21, 2010

a dificuldade em me auto-analisar consiste na estranheza de se ser extremamente ambivalente e nunca conseguir me posicionar de maneira tal que, como observadora, meu ponto de vista se mantenha distante e neutro. sou sempre uma ou outra e só me vejo de dentro pra fora.

daí me lembro daquela pergunta que li uma vez: de que cor é o camaleão quando se olha no espelho?


foi por medo de avião...

Posted on quarta-feira, janeiro 20, 2010
acabei de comprar as passagens para estas férias.
dei uma sorte danada me mudando para o sul. agora, o tempo que gasto em voo até sao paulo é de aproximadamente 1 hora e meia. qdo morava em fortaleza e ia (com muito mais frequencia) visitar a familia em minas gastava horrores de horas no ar. haja coração...
decidi falar sobre isso aqui porque lá no outro blog já falei demais e quem passa por lá já deve estar de saco cheio... eu estou. talvez eu nem tenha mais o que refletir, só respirar fundo, fechar os olhos e me imaginar em qualquer outro lugar que não ali.
nos últimos dias, tenho pensado, a única vantagem de se estar voando é não correr o risco de presenciar um terremoto... se o terremoto ocorrer no destino do voo, o avião arremete e a gente sobrevive.
suuuper vantagem esta!
engraçado, preciso visitar meu médico e enrolo há tempos, excedo velocidade quando "necessário", arrisco no "amarelo", como mau, não faço exercícios e tenho uma vizinha psicopata... corro tantos riscos todos os dias e não me importo, porque diabos tenho que focar TODO meu pânico nessa droga de voo?!
não vou tentar me controlar... o pânico vem justamente do medo de se ter medo.
mas ainda tenho 11 dias pra aprender a lidar com isso... exatamente 11 dias, 16 horas, 30 minutos e 59 segundos...
58...
57...
56...

"Agora ficou fácil
Todo mundo compreende
Aquele toque Beatle
I wanna hold your hand
Agora ficou fácil
Todo mundo compreende
Aquele toque Beatle
I wanna hold your hand..."

(Belchior)

Ensaio sobre a miopia

Posted on terça-feira, outubro 06, 2009


Hoje estive ausente de mim.
Não consegui me concentrar em nenhuma tarefa a que me propus.
Estive alheia o tempo todo, num mundo paralelo. Mas um mundo de nada.
Fuga de não sei o quê, ou talvez saiba, mas não queira lembrar.
Fuga de mim.
Quando me sinto assim parece que a qualquer momento vou me desintegrar, partir em pedaços, desaparecer...
Por um lado o desejo da fuga, dessa desaparição. Por outro o desespero.
É quando vem a necessidade de escrever. Numa tentativa talvez de me estruturar, de me refazer, de existir, de não d'existir.
Penso que escrever é, não uma espécie de loucura, mas fruto dela.

De todas as minhas formas de salvação, a escrita é a mais verdadeira.
Porque é o que realmente me aproxima de mim. Sou eu estendendo os braços para mim mesma.
De outro modo estaria ligando para amigos, marcando sessão extra de análise, abrindo uma garrafa de vinho.
Escrever me ajuda a enxergar-me melhor mas de modo que eu vá me apresentando aos poucos, sem sustos. Talvez com surpresas, mas na medida e tempo equivalentes ao que eu possa suportar e que me sejam necessários enxergar.


Nunca os uso dentro de casa, mas hoje decidi colocar os óculos.
Um recurso prático (já que a pauta aqui é a objetividade), na tentativa de me aproximar um pouco mais da realidade.
Realidade, a partir do meu míope ponto de vista, é aquilo que a maioria das pessoas diz que é, mesmo que cada um nem sempre a veja como diz, mas acredita que os outros a vejam, e portanto a adota como verdade.
Já a miopia, por sua vez, é aquela cegueira (leve, severa ou moderada a depender da necessidade) para o que é externo e está fora, e longe; é a tendência inconsciente à introspecção, a olhar para dentro de si, e a ignorar todo o resto.


Não sei ao certo se a realidade é objetiva ou subjetiva, talvez existam várias realidades, talvez não exista nenhuma.
Descobrir esta resposta não vai fazer diferença... E já nem sei mais se quero respostas. Vou manter meu silêncio. Hoje, além de muda, estou cega e surda.

caio fernando abreu

Posted on terça-feira, julho 07, 2009
tenho lido caio fernando abreu.
levei um susto, sinceramente, com o nível de pornografia (erotismo?) das escritas dele. eram contos. mas ao mesmo tempo fiquei apaixonada pela forma de escrever. é estranha, confesso. coisa que menos se vê é ponto final, parágrafo menos ainda. mas mesmo assim a leitura se faz tão clara, e nos coloca tão ali, com ele, no instante da criação da cena, que quase sou capaz de sentir o cheiro, visualizar os caminhos, tocar os relevos, que ele descreve em detalhes.
as frases mais conhecidas, que eu mais gostava quando encontrava soltas por aí na internet, em algum blog ou perfil de orkut, estavam ali na minha leitura. e pude conhecer o contexto todo e compreender melhor o sentido do que as frases diziam.
mas, alerto, há que se tomar muito cuidado com essa coisa de ir copiando trechos sem saber ao certo de onde saíram. eu mesma faço muito isso. faço porque, em parte, acho que o importante é o sentido que aquelas palavras fizeram pra mim. mas ontem reconheci a
outra parte. e dei boas risadas quando me lembrei de que eu mesma já tinha citado partes do conto d'os sapatinhos vermelhos' sem desconfiar da noitada de Adelina que viria a seguir e que eu não cito aqui n-e-m m-o-r-t-a!



"teria mesmo chegado ao ponto de dizer nutro?
teria, teria sim, teria dito nutro e relacionamento & rompimento & afeto,
teria dito também estima & consideração & mais alto apreço
e toda essa merda educada que as pessoas costumam dizer para colorir a indiferença quand o coração ficou inteiramente gelado".

(caio fernando abreu in 'os sapatinhos vermelhos')


não pregarás

Posted on quinta-feira, julho 02, 2009
eu odeio falar sobre religião. na verdade odeio discutir sobre religiao.
não, odeio discutir ou debater sobre qualquer coisa.
a maioria das conversas que levam o título de discussão são, pra mim, na verdade, uma desculpa para a imposição de opiniões ou para a exibição de idéias. e eu odeio tudo isso.
até confesso em mim um certa tendência para a pseudo-intelectualidade, mas não quando o assunto é religião.
é desconfortável, nunca se sabe a quem vai ofender, e no final vira conversa de cego e surdo.
talvez porque exista tanta coisa mal resolvida dentro de mim que não sei se vou me conter...
eu não tenho religião, mas como já disse uma vez, acho importante termos nossas convicções,
só não aceito tomar posse de uma idéia que no final vai tomar posse de mim.
amém.

Zeca & eu

Posted on quarta-feira, maio 20, 2009

Tenho assistido diversos filmes.
Perdemos por uns tempos o hábito de ir ao cinema e acabamos deixando de ver alguns lançamentos. Nos últimos dias locamos alguns filmes para nos atualizar.
Adoro filmes! De todos os tipos!
Mesmo dos que eu não gosto, no final acabo gostando! Estranho mesmo.
Dia desses vi Crepúsculo. Enquanto tava assistindo disse pro Bruno "filme infantil né? tão falado... achei que era melhorzinho!". Foi só desligar o filme e tava eu lá com a música na cabeça, tendo sonhos com vampiros.
No outro dia assisti de novo! Acabei ficando curiosa pelo próximo livro da autora, Lua Nova, se não me engano!
Mas enfim, comecei a falar de filmes porque ontem vi Marley e eu. Estou apaixonada pelo Marley.
Na época em que o filme saiu no cinema, Bruno e eu também resolvemos aumentar a família, com o Zeca. Se tivesse visto o filme na época ficaria ainda mais encantada!
Sou apaixonada pelo meu cachorro. Existe uma certa confusão quanto ao pronome possessivo. A gente acaba sendo mais deles do que eles nossos. Se tornam realmente da família. Como filhos, irmãos, sei lá...
É verdade que eu fiquei mais boba depois que o Zeca chegou, danço sozinha, falo sozinha (ainda mais). Acontece que o Zeca trouxe, em definitivo, muito mais alegria pra nossa casa.
Quem não gosta de cachorros ou nunca experimentou "ter" um, não entende...
Nem mesmo eu que tive cachorros a vida inteira entendia...
É diferente quando a gente se torna meio mãe deles... Quando passa a "ter" um serzinho dependente de você. A dependência se torna mútua.
Já não imagino nossa casa sem o Zeca, sem o cheiro de xixi no tapete da sala, sem as latidas quando alguém sobe a escada, sem a bolinha de pêlo saltitante na beira da cama de manhã...
Marley e eu não é mais um filme de cachorros, mas um filme sobre a vida de pessoas que foram transformadas por um.

Quem não viu, vale a pena ver! Mas prepare o lenço, ele rende algumas lágrimas!


quando eu crescer quero ser a Madona!

Posted on terça-feira, maio 19, 2009

Qualquer blog pode ser legal no começo, se tiver uma cara legal e a pessoa for um pouco criativa. O espaço pode ficar interessante e conhecido, mas com o tempo vai ficando sem graça, as pessoas tendem a escrever sempre da mesma forma e sobre os mesmos assuntos.
Até eu tô enjoando das coisas que escrevo...
Isto que estou fazendo aqui é básico, falar sobre o quê e como eu escrevo. Mas até agora não se falou sobre mais nada...
Acompanho blogs que costumo achar interessante, mas na verdade nunca me interesso muito pelo quê a pessoa fala. Mesmo que seja de um assunto que me interesse. Eu gosto é de analisar como elas se expressam, seus humores, o que eu acho que no fundo elas realmente pensam do que falam, que imagem querem passar...
Tem gente que não é tão pessoal e subjetivo na escrita, é legal também. Mas essas também tendem a ser repetitivas.
Até as pessos mais interessantes estão ficando sem graça.
A vida na internet é mesmo assim...
Comentei com a Amanda estes dias que os escritores conhecidos que consideramos bons são considerados assim porque viveram pouco e não tiveram tempo de cair na chatice da repetição. Tem as excessões, claro, mas esses só se mantiveram interessantes, penso, provavelmente porque tiveram uma vida extremamente turbulenta.
Ouvi uma frase da Madona mês passsado que falava alguma coisa tipo "eu tenho a capacidade de inovar sempre e reciclar minha linguagem, por isso o sucesso acontece" (pelo amor, não foi exatamente assim, mas a idéia é essa!). Ai, senti inveja da Madona.
Queria ser assim em tudo na minha vida! Queria ser menos previsível...
Madona é o próprio arquétipo da força do instinto e passa essa imagem de selvageria na vida artística. Pensava que era mesmo só imagem e mídia, mas sei lá, de repente seja natural e por isso tenha se tornado o ícone que é.


um pouco de egoísmo e hipocrisia...

Posted on sexta-feira, maio 01, 2009
tá, eu confesso! a minha forma de escrever no blog é a mais egoísta possível. este é meu segundo blog e sei que não vou conseguir mudar. este espaço pra mim veio substituir os diários que produzi minha vida toda, e também treinar um pouco minha expressão e escrita.
acho bacana também sentir que tenho um lugar meu, com a cor que eu escolher, as fotos que eu gostar e onde posso falar da maneira como quero.
talvez seja só insegurança e indecisão.
talvez não, é! sempre é!
não faz sentido querer escrever sobre coisas que eu já sei, das quais já estou segura, fazendo com que este espaço somente reforce algo que já está claro pra mim.
não, não desperdiço a escrita assim.
antes de produzir para fora, quero produzir para dentro.
se eu falar de um assunto em demasia é porque, ao contrário do que parece, ele não está claro o suficiente para que eu me esqueça dele...
portanto, adianto... este blog pode ser um saco!
mas eu também sei que, se você for humano o suficiente para entender destas contradições, vai respeitar minha hipocrisia!




falando com fantasmas...

Posted on quinta-feira, abril 30, 2009

pra falar de ser humano, há que se falar de incertezas, indecisões e principalmente contradições.

este espaço quer de maneira simples e, talvez, sem chegar a nenhuma conclusão discutir sobre estas questões na nossa vida (sobretudo na minha, claro!).

afinal é na dúvida que está a sabedoria. "a resposta é a desgraça da pergunta".

seja bem vindo, associe livremente. contradiga-se!